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WABI SABI NA DECORAÇÃO

Na cultura wabi sabi, perceber a beleza que se esconde nas frestas do mundo imperfeito seria uma arte.



Na cultura wabi sabi, perceber a beleza que se esconde nas frestas do mundo imperfeito seria uma arte. A ação humana sobre o mundo deveria ser tão delicada que não impedisse a verdadeira natureza das coisas de se revelar. Contam que o conceito wabi sabi, cuja premissa é acolher a beleza da imperfeição, surgiu no século XV. Um jovem, Rikyu, queria aprender os complicados rituais da Cerimônia do Chá e procurou o grande mestre Takeno Joo. Para testar o rapaz, o mestre mandou que ele varresse o jardim. Rikyu limpou o jardim até que não restasse nem uma folhinha fora do lugar. Ao terminar, examinou cuidadosamente o jardim impecável, cada centímetro de areia imaculadamente varrido, cada pedra no lugar, todas as plantas ajeitadas. E então, antes de apresentar o resultado ao mestre, Rikyu chacoalhou o tronco de uma cerejeira e fez caírem algumas flores que se espalharam displicentemente pelo chão. Mestre Joo, impressionado, admitiu o jovem no seu mosteiro.


Me apaixonei pela história! Com a cultura inspirada nos ensinamentos do taoísmo e do zen budismo, acredita-se que a natureza das coisas é percorrer seu ciclo de nascimento, deslumbramento e morte. Elas são efêmeras e frágeis. Seus adeptos percebem a beleza e a elegância que existe em tudo o que é tocado pelo carinho do tempo.

De acordo com o wabi sabi, as coisas simples transmitem energias positivas e espiritualidade à ambiência da casa. Ela deve ser um santuário, não uma loja exibicionista. Concentrar-se na beleza das coisas como são, no conforto e no bem-estar que essa naturalidade transmite são essenciais.



A palavra “wabi” significa “coisas simples e frescas” e a palavra “sabi” significa “algo cuja beleza foi adquirida com a idade”.

Uma velha tigela de chá, musgo cobrindo as pedras do caminho, uma única rosa solta no vaso, as manchas de um espelho que pertenceu à bisavó…Você conhece aquela história de que os tapetes persas sempre têm um pequeno defeito como sinal de autenticidade? É por aí! A estética da imperfeição começa quando a gente reconhece e aceita nossa condição humana. É um jeito de “ver” as coisas através de uma ótica de simplicidade, naturalidade e aceitação da realidade.



O wabi sabi privilegia o uso de materiais naturais (madeira envelhecida, pedra, barro, lã, algodão cru, linho, caxemira, papel de arroz…), em vez de materiais artificiais (plástico, laminado…).



Hoje o conceito é um dos que compõem as misturas estilísticas contemporâneas. E muitas vezes, pode ser confundido com o industrial (por causa das estruturas de construção aparentes e paredes descascadas, com o sabby chic, que também valoriza o aspecto envelhecido das coisas, e com o boho, pelo jeito descontraído e a valorização do trabalho manual, assim como da natureza.

Mas o que de fato acontece hoje, como tendência é um verdadeiro refogado dessas influências na decoração.



O desgastado pelo tempo, que muitas vezes nem é real, mas fabricado para dar essa impressão de que é.

Mesmo na composição fake (ler no blog o post Fake Liberado), é preciso passar a ideia de realidade para ser legitimado. Verdade ou imitação, o que importa é a sensação que transmite e o conceito filosófico que há por trás. Porém, não existe uma fórmula. Quem cria a ambientação precisa ter a sensibilidade de perceber a beleza da imperfeição. E se você não tem essa percepção, corre o risco de produzir algo horripilante, desconfortável e sombrio.

Por aí, vemos muitos casos de decoração pretensiosamente wabi sabi, mas que não souberam trazer a poesia ou o aconchego das flores das cerejeiras caídas no chão, como na na preparação do jardim para a Cerimônia do Chá. Uma tendência, também muito comum é dar apenas um toque wabi sabi no decór.

O limiar entre a tal beleza da imperfeição e o desleixo é bastante tênue. Mas o resgate dos princípios wabi sabi, tem tudo a ver com pessoas que hoje estão revendo seus conceitos, buscando a essência e ficando só com o que importa mesmo nessa vida! Uma espécie de ecologia mental para varrer todo o lixo/luxo que só serve para poluir o planeta e o espírito.



É dar valor à autenticidade e à simplicidade, em detrimento da ostentação. Em termos de peças de decoração, valoriza as artes decorativas, a mobília e os elementos reciclados/reaproveitados, objetos feitos à mão e encontrados em feiras de usados, antiguidades e outras do gênero.

Fazem parte do espírito wabi sabi as formas irregulares, as peças com alma e memória: cerâmica primitiva, lençóis e toalhas com bordados antigos, pedras apanhadas à beira-mar, desenho colorido do filho, cantinhos de meditação e relaxamento, entre outas.


O Kintsukuroi é uma arte japonesa de reparar uma cerâmica quebrada com ouro, laca ou mesmo cola. O simbolismo dessa arte remete à beleza do amadurecimento e das superações da vida. Assim são nossas cicatrizes reais e emocionais quando trabalhadas.



No ambiente certo, as peças gastas por anos de uso ganham uma magia inigualável e reconfortante. São companheiros de um lar, testemunhos de uma vida. E eu acrescento que tudo isso em contraste com elementos novos, cores alegres e misturado a peças de design contemporâneo fica “perfeito”!


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